Escrito por Cecy Macedo

Editado por Adriana Araújo

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“Sanfoneiro até debaixo d’agua”. Era assim que Rosil Cavalcanti descrevia o sanfoneiro Severino de Medeiros, que teve sua vida totalmente dedicada à música, com composições de alta complexidade e criatividade que só ele tem. Hoje, aos 74 anos, Severino de Esperança, como ficou conhecido, não toca mais sanfona por problemas de saúde, mas alega ser sanfoneiro até morrer.

Severino Medeiros nasceu na cidade de Esperança, no agreste paraibano, no ano de 1943. Seus pais, Joaquim Miguel de Medeiros e Olegaria Analia de Jesus, eram comerciantes, donos da bodega, onde ele conheceu Socorro do Nascimento, por quem se apaixonou, casou-se e tem oito filhos. O sanfoneiro começou sua vida musical aos 17 anos, sem nenhum tipo de influência familiar com o instrumento. Ele escolheu a sanfona, e a sanfona o escolheu.

Aos oito anos de idade, Severino fez uma sanfona de papelão e cantava em cima de um pé de manga, iniciando desde então seu amor pelo instrumento. Biu, como é carinhosamente chamado pelos amigos e familiares, tornou-se um músico multifacetádo, tocava violão, baixo, teclado, piano e outros instrumentos, porém foi na Sanfona que ele se encontrou. Começou tocando em uma pensão e pouco tempo depois já tocava em casamentos e festas maiores.

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Compositor de mais de 70 músicas, Severino também foi professor de sanfona de grandes artistas locais e as aulas eram ministradas na cozinha de sua casa, pois não havia outro espaço disponível. Suas músicas foram interpretadas por artistas como os irmãos Luiz e Zé Calixto, Dominguinhos e Amazan.

Uma de suas composições mais especiais foi “Careca não entra”, que fez em homenagem a si próprio. A música ganhou admiração em todo o país e é tocada em todas as regiões, assim como outras composições de Biu, interpretadas por amigos e admiradores do seu talento, como Dominguinhos, Rosil Cavalcanti entre outros.

Além de músico, Severino de Medeiros foi um ótimo pai e também esposo. Tinham uma cumplicidade enorme com sua esposa Socorro do Nascimento, que entre tantas outras coisas construídas ao logo do tempo, lhe ensinou a ler e escrever. Segundo seu filho, Ananias Medeiros, seu pai é um grande guerreiro e um homem muito humilde, tanto que ensinou, não só aos seus filhos, mas a seus alunos, tudo o que sabia sobre sanfona, para que essa cultura não se perdesse ou perdesse forças.