JACKSON DO PANDEIRO: 100 ANOS DO REI DO RITMO
Campina Grande
I
05 de junho de 2019
Isaías Vicente / Foto: Joyce Lima
Texto: Ana Geisa Viana
Fotos: Ana Cláudia Araújo e Joyce Lima
Nascido em trinta e um de agosto de mil novecentos e dezenove na zona rural de Alagoa Grande, município do Brejo Paraibano. Filho de José Gomes e de Flora Maria da Conceição, cantora de coco e principal influenciadora de seu filho para o mundo da música.
A música sempre esteve presente na vida de Jackson, em Alagoa Grande, quando ainda era criança, ele escutou diversos instrumentos pelas ruas da cidade, como o som do piano, do violão, mas eram as batidas do ganzá de sua mãe que lhe encantava. Aos sete anos substituiu, em um apresentação, seu João Feitosa que tocava zabumba juntamente com Flora, mãe de Jackson. Aos dez anos o ainda José Gomes Filho, quem saia com sua mãe para tocar nas cidades vizinhas. José teve sua infância dividida em brincar com os amigos e ajudar a família sendo instrumentista, mas tudo resultava numa brincadeira porque ele tocava pelo simples prazer de produzir ritmo.
Em mil novecentos e trinta e dois, após a morte do pai, José Gomes Filho mudou-se com a mãe e os irmãos para Campina Grande. Começou a trabalhar como entregador de pães e engraxate para ajudar a sustentar a família, quando tinha vinte anos de idade, já utilizando o nome artístico de jack do pandeiro, formou dupla com josé lacerda, começando assim a fazer sucesso em campina grande.
Também na Rainha da Borborema se apresentou no Cassino Eldorado, um dos mais importantes palcos da região. Em mil novecentos e quarenta e quatro mudou-se para João Pessoa, e tempos depois, para Recife e posteriormente para o Rio de Janeiro
Em Recife foi convidado por João Pessoa de Queiroz, fundador da revista Jornal do Commércio para participar da edição especial de carnaval, pois já era pandeirista em orquestras e cantava coco na capital pernambucana. Lá apresentou e encantou a todos com a música Sebastiana, juntamente com a amiga, Dona Luisa.
Com o sucesso da música Sebastiana, Jackson se mudou para o Rio de Janeiro, juntamente com Almira Castilha, sua primeira esposa e colega de trabalho, juntos, participaram de oito filmes e ficaram no topo das paradas musicais, desbancando grandes artistas cariocas, que já trabalhavam há anos com samba.
Apesar do reconhecimento e da fama, Jackson tinha como principais características a alegria e a humildade. Cativava o público com muita dança e muitas brincadeiras, pois sempre estava com um sorriso em suas interpretações. Não sabia ler, veio escrever seu nome aos trinta e quatro anos de idade, e mesmo sendo participante da elite carioca e tocar com grandes nomes da época, não se reconhecia como grande no que fazia, por isso pedia um cachê baixo.
Na década de mil novecentos e sessenta, o Brasil viveu uma invasão de músicas internacionais e com uma grande aceitação do público tornou o mercado fonográfico difícil para os artistas nacionais. Nesta época vários deles perderam espaço no mercado, dentre eles Jackson, porém é com uma música irreverente e alegre que começa a reconquistar seu espaço outra vez, a canção “chiclete com banana” de Ruy Moraes e silva. A letra da música faz uma crítica a essa invasão.
Com quarenta e nove anos, Jackson passou pelo pior momento de sua vida, enquanto muitos cantores calaram suas vozes devido ao exílio, Jackson calou a voz e silenciou o pandeiro por conta do destino, pois em janeiro de 1968, sofreu um acidente de carro no Rio de Janeiro, que o deixou imobilizado, com os braços quebrados. Ficou totalmente dependente de sua segunda esposa Neuza Flores, ela fazia fisioterapia, dedo por dedo, para que ele voltasse a tocar como antes. porém quando voltou a tocar já não fez tanto sucesso devido a ascensão das músicas internacionais e da jovem guarda. Na década de setenta, os cantores tropicalistas regravaram as músicas: Chiclete com Banana e Sebastiana, então Jackson voltou para as paradas musicais.
Durante suas apresentações pelo brasil, na década de oitenta, Jackson sofreu dois infartos, porém insistiu em terminar a agenda de shows, em Brasília, onde faria seu último show, passou mal mais uma vez, mesmo não estando bem, concluiu seu show e partiu para o aeroporto. Lá o seu quadro de saúde piorou consistentemente, ficando quatro dias em coma numa unidade de terapia intensiva,chegando a óbito no dia dez de julho de mil novecentos e oitenta e dois, sendo enterrado no cemitério do Caju, no rio de janeiro.
HOMENAGEM À JACKSON NO FOLKCOM - UEPB 2019
Ao longo de sessenta e dois anos de vida na terra, soube fazer ritmo através do côco, forró samba, jorrão, dentre outros estilos, em que difundiu a cultura popular em todos os cantos que passou, deixando conosco as suas músicas e a sua autenticidade. Comemorando-se 100 anos de Jackson, seu legado faz com que a cada batida de pandeiro, nasça um novo forrozeiro e eternize Jackson do Pandeiro. E para homenageá-lo o projeto Gente Nossa junto a organização do Folkcom - UEPB, realizaram um programa especial em homenagem aos 100 anos do Rei do Ritmo.
Para ritma-lo estavam presentes os músicos Bíliu de Campina, Benedito do Rojão, Rangel Jr., Isaías Vicente, Luizinho Calixto, Sussa de Monteiro, Sandro Dupan e Victor Santos. Além dos pesquisadores da obra e vida de Jackson, Marcos Vilar e Fernando Moura.